🗓️ 91 dias.
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📕 sua atualização em dermatologia
Análise clínica, demográfica e ambiental de pacientes brasileiras com melasma
MELASMA
Se pedisse para você citar cinco fatores desencadeantes do melasma, provavelmente você saberia nos falar na ponta da língua.. mas aqui nós vamos além!
Embora fatores desencadeantes como exposição ao sol, gravidez e uso de anticoncepcionais hormonais sejam bem documentados, a severidade do melasma é influenciada por uma gama complexa de fatores. Este estudo teve como objetivo identificar associações entre características clínicas, demográficas e ambientais com a gravidade do melasma facial em mulheres - e o melhor.. brasileiras!
Como foi feito? Trata-se de um estudo observacional, transversal, com coleta de dados realizada por meio de um questionário online. A amostra foi composta por mulheres brasileiras entre 18 e 60 anos com diagnóstico clínico prévio de melasma facial, confirmado por um dermatologista.
Foram coletadas informações sobre idade, cor da pele autodeclarada, histórico de gravidez, uso de hormônios, presença de comorbidades, histórico familiar de melasma, e fatores de exposição (sol, calor, esportes ao ar livre).
Além disso, foi realizado um mapeamento facial do melasma com um modelo de mapa facial validado utilizado para que as participantes indicassem as áreas afetadas pelo melasma (fronte, região entre as sobrancelhas, nariz, região malar, lábio superior, queixo, mandíbula e têmporas).
A variável dependente analisada foi a gravidade do melasma, representada pelo número de áreas faciais afetadas, conforme indicado no mapa facial. Quanto maior o número de áreas indicadas, maior a extensão e gravidade do melasma. Os dados foram analisados por meio de análise de clusters e um modelo linear generalizado com distribuição Tweedie.
Características da População Estudada
Idade média: 40,0 ± 7,4 anos.
Cor de pele autodeclarada:
Branca: 74,4%
Parda/Amarela: 24,1%
Negra: 1,5%
História de gravidez:
Sem gravidez prévia: 36,3%
Uma a três gravidezes: 59,9%
Mais de três gravidezes anteriores: 3,8%
Uso de hormônios:
Anticoncepcional ou gravidez: 24,8%
Menopausa ou histerectomia: 9,7%
DIU com hormônio: 12,5%
História familiar de melasma: 50,8%.
Qualidade do sono: 57,7% das participantes tinham má qualidade do sono.
Fatores Desencadeantes e Agravantes
Os principais fatores relatados como desencadeantes do melasma foram:
Exposição solar: 54,8%
Uso de anticoncepcionais hormonais ou DIU hormonal: 31,3%
Gravidez: 29,8%
Estresse psicológico intenso: 20,3%
Exposição ao calor: 12,0%
Aumente seu repertório: a análise multivariada revelou os seguintes fatores como significativamente associados à maior gravidade do melasma facial.
Cor de pele parda ou amarela: aumentou significativamente a gravidade do melasma (β = 0,19, p = 0,011).
Idade entre 30 e 45 anos: foi associada à maior extensão do melasma (β = 0,27, p = 0,016).
Mais de três gestações anteriores: aumentou a gravidade do melasma (β = 0,35, p = 0,047).
Exposição solar no trabalho: foi um fator fortemente associado à gravidade (β = 0,23, p = 0,001).
Exposição ao calor e uso de sauna: também mostrou associação significativa (β = 0,22, p = 0,020).
Início precoce do melasma (antes dos 30 Anos): fortemente associado à maior extensão do melasma (β = 0,30, p < 0,001).
Má qualidade do sono: Também foi associada a maior gravidade do melasma (β = 0,22, p = 0,001).
Ansiedade e depressão: A depressão, medida pela escala HAD-D, foi associada a maior gravidade do melasma (β = 0,15, p = 0,034).
😴 Dormir é preciso. A associação entre qualidade do sono e gravidade do melasma pode ser explicada pelo aumento nos níveis de cortisol e estresse oxidativo sistêmico, que intensificam a produção de melanina. Esses achados reforçam a necessidade de intervenções que vão além da simples fotoproteção, abordando também questões hormonais e psicológicas.
A exposição solar foi o fator de maior impacto na gravidade do melasma, surpreendendo um total de zero pessoa rs.. mas a exposição ao calor, que pode induzir a melanogênese, também foi um fator relevante, especialmente em ocupações que envolvem calor intenso. O estresse psicológico, associado ao aumento de cortisol, exacerba o melasma, reforçando a interação entre fatores psicológicos e a gravidade da doença.
Comorbidades como tireoidopatias (13,0%) e enxaqueca (19,3%) foram comuns entre as participantes, mas não mostraram associações estatisticamente significativas com a gravidade do melasma. No entanto, a alta prevalência de distúrbios psicológicos sugere que o tratamento do melasma deve incluir a gestão desses problemas.
Apesar de suas contribuições importantes, o estudo apresenta limitações, como a amostra não probabilística e a coleta de dados online, que pode ter gerado um viés de seleção. A ausência de um grupo controle e a dependência de dados autodeclarados também limitam a generalização dos resultados.
E ai, já perguntava aos pacientes com melasma como era na hora de dormir?
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Pitiríase rubra pilar: da suspeita clínica ao tratamento
DERMATOLOGIA CLÍNICA
É raro.. mas acontece. A pitiríase rubra pilar (PRP) é uma dermatose inflamatória rara, que afeta aproximadamente 1 em cada 5.000 pacientes dermatológicos - e hoje vamos revisar com você.
Clinicamente, a PRP - para os íntimos - é caracterizada por pápulas queratóticas foliculares 🦔, placas eritematosas alaranjadas e ceratodermia palmoplantar com aparência cerosa.
Apesar de sua apresentação relativamente distinta, a PRP pode ser um desafio diagnóstico, especialmente nas fases iniciais, pois é frequentemente confundida com outras dermatoses papuloescamosas, como psoríase e eczema.
1, 2, 3, 4.. a PRP é classificada em seis subtipos, que diferem em idade de início, morfologia e evolução clínica. Aliás, um querido professor já nos ensinava: “não temos doenças, temos doentes”, reforçando como cada doença difere na apresentação clínica, a depender do paciente que encontramos. E para facilitar (ou não rs), colocaram a PRP em 6 prateleiras.
O tipo mais comum, a PRP clássica do adulto (Tipo I), afeta principalmente couro cabeludo e tronco, com uma taxa de remissão espontânea de até 80% em 3 a 5 anos (#thanksGod). J
Já a forma atípica do adulto (Tipo II) é crônica e pode incluir características como escamas ictiosiformes, alopecia e áreas de eczema.
A PRP juvenil clássica (Tipo III) é semelhante à forma adulta, enquanto o Tipo IV ou juvenil circunscrito apresenta pápulas hiperqueratóticas bem demarcadas, frequentemente nos cotovelos e joelhos.
O Tipo V, ou PRP juvenil atípica, está potencialmente associada a mutações no gene CARD14, enquanto o Tipo VI é relacionado à infecção pelo HIV e apresenta um prognóstico reservado.
Embora a causa exata da PRP ainda seja desconhecida, há indícios de que fatores genéticos e gatilhos imunológicos desempenhem um papel significativo, especialmente na forma familiar (tipo V).
Mutações no gene CARD14 (olá, prova de título rs), que também estão envolvidas na patogênese da psoríase, foram associadas à PRP familiar, sugerindo sobreposição entre essas duas condições.
Além disso, casos recentes relataram erupções semelhantes à PRP após infecções virais, incluindo COVID-19, e até mesmo após a vacinação contra COVID-19: considerar esses fatores no diagnóstico diferencial.
O tratamento da PRP é frequentemente desafiador (reza filho rs, mas confia nos nossos bons e velhos tratamentos). A acitretina, um retinóide oral, é considerada a primeira linha de tratamento pela sua eficácia moderada e perfil de segurança estabelecido. Administrada em doses de 25 a 50 mg por dia, mostrou uma taxa de resposta significativa de 59,4% dos pacientes. Ela age normalizando a proliferação e a diferenciação celular da epiderme, o que ajuda a reduzir a hiperqueratose e as escamas características da PRP. Porém, nem todos os pacientes respondem adequadamente.
O metotrexato, outro medicamento muito usado, atua como imunossupressor, inibindo a proliferação de células T e a resposta inflamatória. Ele é administrado em doses de 15 a 25 mg por semana e tem mostrado uma taxa de resposta positiva em 80% dos pacientes. É para casos mais inflamatórios, uma alternativa quando os retinóides orais não atingem os resultados esperados.
Para PRP refratária, os agentes biológicos são promissores. O ustequinumabe, por exemplo, mostrou uma taxa de resposta de 83,3% em doses de 45 mg a cada 12 semanas. Este agente age bloqueando as citocinas IL-12 e IL-23, que estão envolvidas na regulação da inflamação cutânea.
O secuquinumabe, que inibe a IL-17, tem uma taxa de resposta de 71,4% com doses de 150 mg mensais. O adalimumabe, um inibidor de TNF-α, mostrou uma taxa de sucesso de 75% dos casos. Esses biológicos são eficazes porque a PRP compartilha vias patogênicas com a psoríase, particularmente as mediadas por IL-17 e IL-23, o que torna esses alvos terapêuticos válidos.
Em casos mais graves, os biológicos podem ser combinados com retinóides ou metotrexato para aumentar a eficácia terapêutica. Mas muita hora nessa calma.. os biológicos são uma evolução no manejo da PRP, mas o uso ainda não está amplamente estabelecido como primeira linha, devido ao custo e à falta de estudos controlados randomizados.
🍦 E nossos creminhos? Terapias tópicas, como corticosteroides, calcipotriol e tretinoína, podem ser úteis como adjuvantes, mas raramente são eficazes como monoterapia em casos mais extensos. A fototerapia UVB de banda estreita também pode ser considerada, especialmente em casos de PRP juvenil circunscrita.
A escolha do tratamento ideal depende da gravidade da PRP, da resposta inicial do paciente e da experiência clínica — e é cada saudade dos nossos professores de dermatologia..
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Dez dicas no cuidado de pacientes em radioterapia para câncer de mama
DERMATOLOGIA HOSPITALAR
🩷 O outubro rosa chegou e a gente vem como? Prevenindo, acompanhando e tratando a pele das pacientes com câncer de mama. Aqui vão 10 dicas para cuidar da radiodermite em pacientes com câncer de mama.
A radioterapia em pacientes com câncer de mama pode durar de 3 a 7 semanas, e os cuidados com a pele devem continuar por até 4 semanas após o término do tratamento.
Objetividade temos por aqui: o que pode e o que não pode em 10 dicas para o manejo da radiodermite nesses casos.
1. Comece o quanto antes
A partir do primeiro dia de radioterapia, aplique hidratantes hidrofílicos, sem lanolina e sem fragrância, duas a três vezes por dia. A lanolina é evitada porque pode causar irritação ou reações alérgicas, piorando o que já está ruim.
Traduzindo: a gente te conta o que pode! Produtos como Cetrilan® Creme (Theraskin) e Bepantol® Derma (Bayer) são exemplos de produtos que cumprem esses critérios.
2. Evite atrito e fricção na pele
Oriente o paciente a usar roupas leves e de algodão para evitar atrito nas áreas irradiadas, especialmente nas axilas e sob os seios.
3. Fique de olho
👀 Durante o tratamento, avalie a condição da pele pelo menos uma vez por semana. Atenção para eritema ou sinais de maceração. Continue monitorando a pele até 4 semanas após o término da radioterapia pois as reações cutâneas podem continuar a se desenvolver ou até mesmo piorar após o fim do tratamento.
4. Dá-lhe corticoide tópico
Pode ser feito corticoide de baixa a média potência, desde o primeiro dia de radioterapia uma ou duas vezes ao dia na área irradiada até o final do ciclo de tratamento para aliviar o prurido e inflamação.
5. Proteja a pele com filmes de silicone
Curativos como Mepitel® Film (Mölnlycke) e Hydrofilm® (Hartmann) são indicados para pacientes com pele sensível ou áreas de maior contato, como axilas e sob as mamas. Eles devem ser retirados antes de cada sessão de radioterapia para garantir a precisão da dose e evitar interferência no tratamento. Após a sessão, os filmes devem ser reaplicados.
6. Sem modismos
Não há evidências suficientes para recomendar produtos como aloe vera, triethanolamine, sucralfate e ácido hialurônico.
7. O básico que dá certo
Limpar a pele com água morna e sabão neutro, é isso. Evite fricções agressivas com toalhas e seque a pele delicadamente. Se a pele estiver sensível ou úmida, lavar apenas com água.
8. Fotobiomodulação
A terapia com laser de baixa intensidade pode ser utilizada para reduzir a inflamação e acelerar a cicatrização. É uma abordagem complementar no manejo da radiodermite.
9. Eduque sobre a proteção solar
A exposição solar nas áreas irradiadas deve ser evitada. Se for inevitável, utilize protetores solares com FPS 50 ou superior. Isso ajuda a prevenir danos adicionais à pele fragilizada pela radioterapia.
10. Oriente a radioterapia em posição prona
Para pacientes com mamas grandes, realizar a radioterapia na posição prona (de barriga para baixo) ajuda a reduzir o contato da pele entre as mamas e a minimizar o risco de descamação úmida, protegendo melhor a pele durante o tratamento.
É isso.. em 10 dicas você tira 10 no cuidado dos pacientes :)
Além da ciência.
Sabemos que nem só de artigos e publicações se faz um bom dermatologista. Por isso, aqui vai nossa sugestão da semana para seu momento de descanso.
Podemos quebrar maus hábitos, sendo mais curiosos sobre eles?
O psiquiatra Judson Brewer estuda a relação entre atenção plena e vício - de fumar a comer demais a todas as outras coisas que fazemos, mesmo sabendo que elas são ruins para nós.
Dr. Judson Brewer é psiquiatra, PhD, pesquisador afiliado do MIT e nesse vídeo tenta nos ensinar mais sobre o mecanismo de desenvolvimento de hábitos e descubra uma tática simples, mas profunda, que pode ajudá-lo a superar seu próximo desejo de realizar um hábito que sabe que não faz bem.